Na manhã desta segunda-feira (08/09), a Polícia Federal deflagrou a Operação Segunda Dose no município de Caxias, no leste do Maranhão, em cumprimento a cinco mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal. A investigação, que começou apurando suspeitas de falsidade documental e exercício ilegal da medicina, já se desdobrou em crimes mais graves, incluindo peculato e lavagem de dinheiro.
As diligências ocorreram de forma simultânea na residência da principal investigada; Secretaria Municipal de Proteção Social; Unidade Básica de Saúde do bairro Salobro; Unidade Básica de Saúde da Cohab e Unidade de Pronto Atendimento (UPA) todos em Caxias – MA.
Fontes ligadas à investigação apontam que a principal investigada, cujo nome está sendo mantido em sigilo pelas autoridades, atuava de forma irregular em funções públicas e também na área médica, sem a devida autorização legal.
Durante as buscas, os policiais federais apreenderam aparelhos celulares e computadores, que serão periciados para rastrear comunicação e movimentações financeiras, além de uma caixa com medicamentos, que deveriam estar destinados ao Fundo Municipal de Saúde de Caxias, mas estavam armazenados de forma irregular na residencia da investigada. Além disso foram encontrados R$ 467.050,00 em espécie, valor considerado incompatível com a renda declarada da investigada e sem comprovação de origem lícita dos valores.
Os indícios levaram os investigadores a ampliar linha de investigação da operação, que agora também apura desvio de recursos públicos (peculato) e ocultação de patrimônio (lavagem de dinheiro).
Como medida cautelar, a Justiça Federal determinou o afastamento imediato da investigada de suas funções públicas; além da proibição do exercício da medicina, até a conclusão do processo.
Segundo o Código Penal, a soma das penas pelos crimes investigados — falsidade documental, exercício ilegal da profissão, peculato e lavagem de dinheiro — pode ultrapassar 30 anos de prisão.
O caso repercute fortemente em Caxias, já que envolve órgãos municipais estratégicos, como a Secretaria de Proteção Social e unidades de saúde que atendem a população carente.
Nos bastidores cresce a pressão para que a Prefeitura se manifeste publicamente, já que parte das suspeitas envolve a má gestão de recursos do Fundo Municipal de Saúde. Analistas avaliam que o episódio pode ter desdobramentos não apenas criminais, mas também eleitorais, caso se confirme que os recursos desviados abasteceram esquemas paralelos de financiamento político.
Os investigadores deverão agora:
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Periciar os equipamentos eletrônicos para identificar conexões com possíveis cúmplices;
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Rastrear a origem do dinheiro apreendido;
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Verificar irregularidades nos contratos de fornecimento de medicamentos destinados à rede pública de saúde.
A Polícia Federal não descarta novas fases da operação, o que pode atingir outros servidores públicos, prestadores de serviço e até gestores da administração municipal.

