Com R$ 650 milhões recebidos do Fundeb em 13 anos, Bom Jardim, no interior do Maranhão, continua mergulhada no descaso. Segundo reportagem exibida neste domingo pelo Fantástico, escolas de taipa funcionam em igrejas, casas e até ao lado de fornos de farinha, enquanto prédios públicos apodrecem sem uso.
O município acumula um histórico de corrupção que parece interminável: dos cinco últimos prefeitos, quatro foram condenados por desvios e improbidade. O caso mais emblemático é o da “prefeita ostentação” Lidiane Leite, presa em 2015 e condenada dez vezes por desviar R$ 15 milhões da educação — penas que somam quase 40 anos de prisão.
A lista de escândalos inclui ainda Malrinete Gralhada, que assumiu após Lidiane e foi condenada a 15 anos de prisão por desvio de recursos; Manoel da Conceição Pereira Filho, o “Sinego”, que governou por apenas 70 dias e desviou R$ 600 mil; e Francisco Alves Araújo, afastado três vezes por corrupção. Todos recorrem em liberdade.
A atual prefeita, Christianne Varão (PL), ex-professora e reeleita, também é investigada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público por suspeita de desvios. Ela afirma que o município é extenso e que “não há como resolver todos os problemas em quatro anos”, prometendo construir novas escolas.
Enquanto isso, alunos seguem estudando em templos improvisados, dividindo o espaço com altares e bancos de madeira. Banheiros são buracos cercados por palha, e a água vem de poços infestados de insetos. Professores acumulam funções e ensinam turmas de idades diferentes na mesma sala.
Para o promotor Fábio Oliveira, responsável pelas ações contra os ex-prefeitos, o caso de Bom Jardim é exemplo de uma “cultura de corrupção enraizada”. “Eles esperavam a vez de entrar para se corromper e sugar o dinheiro público”, resumiu.

